quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
ANÚNCIO DE VAGAS
Apesar de andar ai uma crise mundial que tem conduzido ao desemprego milhares de trabalhadores pelo mundo for a, a vida continua e existem empresas que continuam contratando funcionários para o seu quadro de pessoal.
As empresas Moçambicanas não ficam atrás. Umas entraram na onda dos despedimentos e outras contratando novos funcionários. E as empresas que contratam te usado com muita frequência a imprensa escrita como meio para anunciar as vagas que tem disponíveis.
Como bom cidadão que sou, entrei para o ano 2009 com aquele discurso que fazemos sempre que começa um ano: “novo ano, nova vida, novos objectivos e metas, novos projectos, e blá blá...”
Vou segredar-vos que uma das metas que traçei para 2009 foi dar mais vida a minha conta bancária, e defini como estratégia principal para tal, mudar de emprego ou acrescentar actividades remuneraveis na lista das que tenho.
E porque os anúncios circulam com frequência na imprensa escrita, fiz uma nova amizade: o ardina, que todas manhãs passa deixar em ninha casa alguns jornais que circulam na praça. Aproveito para reclamar o preço dos jornais. Andam tão caros que não sei até que ponto podemos falar em acesso à informação. Mas essa é uma outra discussão.
Nos jornais tenho dado particular atenção aos anúncios de vagas (para emprego), e para área das ciências sociais não têm sido poucos (felizmente para os cientistas sociais), apesar de nas conversas de café circular o discurso: “que os anúncios estão nos jornais apenas para o inglês ver porque as vagas todas já têm donos”. Mas esta também é outra discussão.
É no conteudo de parte dos anúncios que estão as minhas dificuldades. É que além de reqquisits como formação, habilitações e os famosos anos de experiência, encontramos requisitos como: elevado sentido de responsabilidade; capacidade de trabalhar em condições difíceis; dinâmico; honesto e elevado nível de integridade pessoal.
Pois, como se medem estas variáveis? De que indicadores os candidatos devem estar munidos para se definirem como honestos, integros, responsáveis, etc?
Pretendo compreender como uniformizar (nos empregadores, candidatos e público no geral) a honestidade, integridade e o ser responsável? Não serão estes conceitos muito relactivos e subjectivos?
Acredito que se concorrer para uma vaga em pé de igualdade com outros candidatos no que toca a anos de experiência, habilitações, formação e outros elementos quantificáveis, a selecção passa pela análise dos outros elementos como honestidade, integridade, responsabilidade, e tinha me esquecido da boa aparência.
Depois de escolhido um dos candidatos para a vaga como os outros irão saber se a escolha foi justa ou não? Que indicadores poderão usar os outros candidatos para avaliar a escolha do empregador?
Continuarei tentando entender melhor estes anúncios.
Estou de olho....
sábado, 7 de fevereiro de 2009
Os Travadores de Chuva
Por estas alturas(meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro), em que é suposto chover muito (porque o clima assim determina), verificamos um fenómeno interessante sempre que a chuva que devia cair, não cai. Aparecem os "travadores de chuva".
Quem são os travadores de chuva? São aqueles acusados de serem os responsáveis por não chover. São os acusados de "amarrar" a cchuva no céu. E normalmente as vítimas acusadas de travar ou amarrar a chuva têm sido: os pescadores porque supostamente a chuva impediria de fazer o peixe secar logo há que fazer não chover; os vendedores dos mercados informais porque supostamente com chuva a circulação no mercado torna-se difícil o que é mau para o negócio (sem compradores nada se vende); os idosos que são acusados pelas velha razão (o mito criado em África, que os idosos são feitiçeiros); e os chinese. Isso mesmo, os chineses. É que na cidade da Beira temos assistido uma avalanche de construções feitas por chineses e muitas vezes os terrenos onde são edificados certas infra estruturas tem sido pantanosos e sempre que chove fica tudo alagado o que dificulta o processo de construção Um verdadeiro pântano. Dai serem os chineses também incorporados na lista dos travadores de chuva.
Fenómeno interessante este. Ninguém quer estuda-lo?
Estou de olho........
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
A Fábula Dos Porcos Assados
Recebi um mail de um amigo com um texto que penso ser muito interessante partilhar com todos que visitam este blog.Talvez muitos já tenham lido, para estes não fara mal nenhum em voltar a rever. Para os que ainda não o conhecem esta ai um bom texto para discutir. Porque o texto é um pouco longo, não irei me alongar em considerações nem na introdução do mesmo. Deixemos que o texto fale por si. É uma pena que não consegui saber quem é o autor do mesmo.
Certa vez, aconteceu um incêndio num bosque onde havia alguns porcos, que foram assados pelo fogo. Os homens, acostumados a comer carne crua, experimentaram e acharam deliciosa a carne assada. A partir dai, toda vez que queriam comer porco assado, incendiavam um bosque... Até que descobriram um novo método.
Mas o que quero contar é o que aconteceu quando tentaram mudar o SISTEMA para implantar um novo. Fazia tempo que as coisas não iam lá muito bem: as vezes, os animais ficavam queimados demais ou parcialmente crus. O processo preocupava muito a todos, porque se o SISTEMA falhava, as perdas ocasionadas eram muito grandes - milhões eram os que se alimentavam de carne assada e também milhões os que se ocupavam com a tarefa de assa-los. Portanto, o SISTEMA simplesmente não podia falhar. Mas, curiosamente, quanto mais crescia a escala do processo, mais parecia falhar e maiores eram as perdas causadas.
Em razão das inúmeras deficiências, aumentavam as queixas. Já era um clamor geral a necessidade de reformar profundamente o SISTEMA. Congressos, seminários e conferências passaram a ser realizados anualmente para buscar uma solução. Mas parece que não acertavam o melhoramento do mecanismo. Assim, no ano seguinte, repetiam-se os congressos, seminários e conferências.
As causas do fracasso do SISTEMA, segundo os especialistas, eram atribuídas a indisciplina dos porcos, que não permaneciam onde deveriam, ou a inconstante natureza do fogo, tão difícil de controlar, ou ainda as arvores, excessivamente verdes, ou a humidade da terra ou ao serviço de informações meteorológicas, que não acertava o lugar, o momento e a quantidade das chuvas.
As causas eram, como se vê, difíceis de determinar - na verdade, o sistema para assar porcos era muito complexo. Fora montada uma grande estrutura: maquinaria diversificada, indivíduos dedicados exclusivamente a acender o fogo - incendiadores que eram também especializados (incediadores da Zona Norte, da Zona Oeste, etc, incendiadores nocturnos e diurnos - com especialização matutina e vespertina - incendiador de verão, de inverno etc). Havia especialista também em ventos - os anemotécnicos. Havia um director geral de assamento e alimentação assada, um director de técnicas ígneas (com seu Conselho Geral de Assessores), um administrador geral de reflorestamento, uma comissão de treinamento profissional em Porcologia, um instituto superior de cultura e técnicas alimentícias (ISCUTA) e o bureau orientador de reforma igneooperativas.
Havia sido projectada e encontrava-se em plena actividade a formação de bosques e selvas, de acordo com as mais recentes técnicas de implantação - utilizando-se regiões de baixa humidade e onde os ventos não soprariam mais que três horas seguidas.
Eram milhões de pessoas trabalhando na preparação dos bosques, que logo seriam incendiados. Havia especialistas estrangeiros estudando a importação das melhores arvores e sementes, o fogo mais potente etc. Havia grandes instalações para manter os porcos antes do incêndio, alem de mecanismos para deixa-los sair apenas no momento oportuno.
Foram formados professores especializados na construção dessas instalações. Pesquisadores trabalhavam para as universidades para que os professores fossem especializados na construção das instalações para porcos. Fundações apoiavam os pesquisadores que trabalhavam para as universidades que preparavam os professores especializados na construção das instalações para porcos etc.
As soluções que os congressos sugeriam eram, por exemplo, aplicar triangularmente o fogo depois de atingida determinada velocidade do vento, soltar os porcos 15 minutos antes que o incêndio médio da floresta atingisse 47 graus e posicionar ventiladores gigantes em direcção oposta a do vento, de forma a direccionar o fogo. Não é preciso dizer que os poucos especialistas estavam de acordo entre si, e que cada um embasava suas idéias em dados e pesquisas específicos.
Um dia, um incendiador categoria AB/SODM-VCH (ou seja, um acendedor de bosques especializado em sudoeste diurno, matutino, com bacharelado em verão chuvoso) chamado João Bom-Senso resolveu dizer que o problema era muito fácil de ser resolvido - bastava, primeiramente, matar o porco escolhido, limpando e cortando adequadamente o animal, colocando-o então numa armação metálica sobre brasas, até que o efeito do calor - e não as chamas - assasse a carne.
Tendo sido informado sobre as idéias do funcionário, o director geral de assamento mandou chamá-lo ao seu gabinete, e depois de ouvi-lo pacientemente, disse-lhe:
"Tudo o que o senhor disse esta muito bem, mas não funciona na prática. O que o senhor faria, por exemplo, com os anemotécnicos, caso viéssemos a aplicar a sua teoria? Onde seria empregado todo o conhecimento dos acendedores de diversas
especialidades?".
"Não sei", disse João.
"E os especialistas em sementes? Em arvores importadas? E os desenhistas de instalações para porcos, com suas maquinas purificadores automáticas de ar?".
"Não sei" respondeu o João.
"E os anemotécnicos que levaram anos especializando-se no exterior, e cuja formação custou tanto dinheiro ao pais? Vou manda-los limpar porquinhos? E os conferencistas e estudiosos, que ano após ano tem trabalhado no Programa de Reforma e Melhoramentos? Que faço com eles, se a sua solução resolver tudo? Heim?".
"Não sei", repetiu João, encabulado.
"O senhor percebe, agora, que a sua idéia não vem ao encontro daquilo de que necessitamos? O senhor não vê que se tudo fosse tão simples, nossos especialistas já teriam encontrado a solução há muito tempo atrás? O senhor, com certeza, compreende que eu não posso simplesmente convocar os anemotécnicos e dizer-lhes que tudo se resume a utilizar brasinhas, sem chamas! O que o senhor espera que eu faça com os quilómetros e quilómetros de bosques já preparados, cujas arvores não dão frutos e nem tem folhas para dar sombra? Vamos, diga-me?".
"Não sei, não, senhor".
"Diga-me, nossos três engenheiros em Porcopirotecnia, o senhor não considera que sejam personalidades científicas do mais extraordinário valor?".
"Sim, parece que sim".
"Pois então. O simples fato de possuirmos valiosos engenheiros em Porcopirotecnia indica que nosso sistema é muito bom. O que eu faria com indivíduos tão importantes para o país?"
"Não sei".
"Viu? O senhor tem que trazer soluções para certos problemas específicos - por exemplo, como melhorar as anemotécnicas actualmente utilizadas, como obter mais rapidamente acendedores de Oeste (nossa maior carência) ou como construir instalações para porcos com mais de sete andares. Temos que melhorar o sistema, e não transforma-lo radicalmente, o senhor, entende? Ao senhor, falta-lhe sensatez!".
"Realmente, eu estou perplexo!", respondeu João.
"Bem, agora que o senhor conhece as dimensões do problema, não saia dizendo por ai que pode resolver tudo. O problema é bem mais sério e complexo do que o senhor imagina. Agora, entre nós, devo recomendar-lhe que não insista nessa sua idéia - isso poderia trazer problemas para o senhor no seu cargo. Não por mim, o senhor entende. Eu falo isso para o seu próprio bem, porque eu o compreendo, entendo perfeitamente o seu posicionamento, mas o senhor sabe que pode encontrar outro superior menos compreensivo, não é mesmo?".
João Bom-Senso, coitado, não falou mais um "a". Sem despedir-se, meio atordoado, meio assustado com a sua sensação de estar caminhando de cabeça para baixo, saiu de fininho e ninguém nunca mais o viu.
E nós, meus caros leitores? O que pensam disso? Não vos parece um bom tema para discutir?
Estou de olho......
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