sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A Fábula Dos Porcos Assados


Recebi um mail de um amigo com um texto que penso ser muito interessante partilhar com todos que visitam este blog.Talvez muitos já tenham lido, para estes não fara mal nenhum em voltar a rever. Para os que ainda não o conhecem esta ai um bom texto para discutir. Porque o texto é um pouco longo, não irei me alongar em considerações nem na introdução do mesmo. Deixemos que o texto fale por si. É uma pena que não consegui saber quem é o autor do mesmo.


Certa vez, aconteceu um incêndio num bosque onde havia alguns porcos, que foram assados pelo fogo. Os homens, acostumados a comer carne crua, experimentaram e acharam deliciosa a carne assada. A partir dai, toda vez que queriam comer porco assado, incendiavam um bosque... Até que descobriram um novo método.

Mas o que quero contar é o que aconteceu quando tentaram mudar o SISTEMA para implantar um novo. Fazia tempo que as coisas não iam lá muito bem: as vezes, os animais ficavam queimados demais ou parcialmente crus. O processo preocupava muito a todos, porque se o SISTEMA falhava, as perdas ocasionadas eram muito grandes - milhões eram os que se alimentavam de carne assada e também milhões os que se ocupavam com a tarefa de assa-los. Portanto, o SISTEMA simplesmente não podia falhar. Mas, curiosamente, quanto mais crescia a escala do processo, mais parecia falhar e maiores eram as perdas causadas.

Em razão das inúmeras deficiências, aumentavam as queixas. Já era um clamor geral a necessidade de reformar profundamente o SISTEMA. Congressos, seminários e conferências passaram a ser realizados anualmente para buscar uma solução. Mas parece que não acertavam o melhoramento do mecanismo. Assim, no ano seguinte, repetiam-se os congressos, seminários e conferências.

As causas do fracasso do SISTEMA, segundo os especialistas, eram atribuídas a indisciplina dos porcos, que não permaneciam onde deveriam, ou a inconstante natureza do fogo, tão difícil de controlar, ou ainda as arvores, excessivamente verdes, ou a humidade da terra ou ao serviço de informações meteorológicas, que não acertava o lugar, o momento e a quantidade das chuvas.

As causas eram, como se vê, difíceis de determinar - na verdade, o sistema para assar porcos era muito complexo. Fora montada uma grande estrutura: maquinaria diversificada, indivíduos dedicados exclusivamente a acender o fogo - incendiadores que eram também especializados (incediadores da Zona Norte, da Zona Oeste, etc, incendiadores nocturnos e diurnos - com especialização matutina e vespertina - incendiador de verão, de inverno etc). Havia especialista também em ventos - os anemotécnicos. Havia um director geral de assamento e alimentação assada, um director de técnicas ígneas (com seu Conselho Geral de Assessores), um administrador geral de reflorestamento, uma comissão de treinamento profissional em Porcologia, um instituto superior de cultura e técnicas alimentícias (ISCUTA) e o bureau orientador de reforma igneooperativas.

Havia sido projectada e encontrava-se em plena actividade a formação de bosques e selvas, de acordo com as mais recentes técnicas de implantação - utilizando-se regiões de baixa humidade e onde os ventos não soprariam mais que três horas seguidas.

Eram milhões de pessoas trabalhando na preparação dos bosques, que logo seriam incendiados. Havia especialistas estrangeiros estudando a importação das melhores arvores e sementes, o fogo mais potente etc. Havia grandes instalações para manter os porcos antes do incêndio, alem de mecanismos para deixa-los sair apenas no momento oportuno.

Foram formados professores especializados na construção dessas instalações. Pesquisadores trabalhavam para as universidades para que os professores fossem especializados na construção das instalações para porcos. Fundações apoiavam os pesquisadores que trabalhavam para as universidades que preparavam os professores especializados na construção das instalações para porcos etc.

As soluções que os congressos sugeriam eram, por exemplo, aplicar triangularmente o fogo depois de atingida determinada velocidade do vento, soltar os porcos 15 minutos antes que o incêndio médio da floresta atingisse 47 graus e posicionar ventiladores gigantes em direcção oposta a do vento, de forma a direccionar o fogo. Não é preciso dizer que os poucos especialistas estavam de acordo entre si, e que cada um embasava suas idéias em dados e pesquisas específicos.

Um dia, um incendiador categoria AB/SODM-VCH (ou seja, um acendedor de bosques especializado em sudoeste diurno, matutino, com bacharelado em verão chuvoso) chamado João Bom-Senso resolveu dizer que o problema era muito fácil de ser resolvido - bastava, primeiramente, matar o porco escolhido, limpando e cortando adequadamente o animal, colocando-o então numa armação metálica sobre brasas, até que o efeito do calor - e não as chamas - assasse a carne.

Tendo sido informado sobre as idéias do funcionário, o director geral de assamento mandou chamá-lo ao seu gabinete, e depois de ouvi-lo pacientemente, disse-lhe:
"Tudo o que o senhor disse esta muito bem, mas não funciona na prática. O que o senhor faria, por exemplo, com os anemotécnicos, caso viéssemos a aplicar a sua teoria? Onde seria empregado todo o conhecimento dos acendedores de diversas
especialidades?".
"Não sei", disse João.
"E os especialistas em sementes? Em arvores importadas? E os desenhistas de instalações para porcos, com suas maquinas purificadores automáticas de ar?".
"Não sei" respondeu o João.
"E os anemotécnicos que levaram anos especializando-se no exterior, e cuja formação custou tanto dinheiro ao pais? Vou manda-los limpar porquinhos? E os conferencistas e estudiosos, que ano após ano tem trabalhado no Programa de Reforma e Melhoramentos? Que faço com eles, se a sua solução resolver tudo? Heim?".
"Não sei", repetiu João, encabulado.
"O senhor percebe, agora, que a sua idéia não vem ao encontro daquilo de que necessitamos? O senhor não vê que se tudo fosse tão simples, nossos especialistas já teriam encontrado a solução há muito tempo atrás? O senhor, com certeza, compreende que eu não posso simplesmente convocar os anemotécnicos e dizer-lhes que tudo se resume a utilizar brasinhas, sem chamas! O que o senhor espera que eu faça com os quilómetros e quilómetros de bosques já preparados, cujas arvores não dão frutos e nem tem folhas para dar sombra? Vamos, diga-me?".
"Não sei, não, senhor".
"Diga-me, nossos três engenheiros em Porcopirotecnia, o senhor não considera que sejam personalidades científicas do mais extraordinário valor?".
"Sim, parece que sim".
"Pois então. O simples fato de possuirmos valiosos engenheiros em Porcopirotecnia indica que nosso sistema é muito bom. O que eu faria com indivíduos tão importantes para o país?"
"Não sei".
"Viu? O senhor tem que trazer soluções para certos problemas específicos - por exemplo, como melhorar as anemotécnicas actualmente utilizadas, como obter mais rapidamente acendedores de Oeste (nossa maior carência) ou como construir instalações para porcos com mais de sete andares. Temos que melhorar o sistema, e não transforma-lo radicalmente, o senhor, entende? Ao senhor, falta-lhe sensatez!".
"Realmente, eu estou perplexo!", respondeu João.
"Bem, agora que o senhor conhece as dimensões do problema, não saia dizendo por ai que pode resolver tudo. O problema é bem mais sério e complexo do que o senhor imagina. Agora, entre nós, devo recomendar-lhe que não insista nessa sua idéia - isso poderia trazer problemas para o senhor no seu cargo. Não por mim, o senhor entende. Eu falo isso para o seu próprio bem, porque eu o compreendo, entendo perfeitamente o seu posicionamento, mas o senhor sabe que pode encontrar outro superior menos compreensivo, não é mesmo?".

João Bom-Senso, coitado, não falou mais um "a". Sem despedir-se, meio atordoado, meio assustado com a sua sensação de estar caminhando de cabeça para baixo, saiu de fininho e ninguém nunca mais o viu.

E nós, meus caros leitores? O que pensam disso? Não vos parece um bom tema para discutir?

Estou de olho......

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

É PROIBIDO FAZER PLAYBACK


Esta é uma daquelas notícias que não precisam de muitos comentários e nem de ser “esquartejada” para percebermos. Decidi posta-lá não porque não concordo com ela. Pelo contrário, porque apoio em género, número e grau. Quando a li, pensei logo: “estamos precisando em Moçambique de acções como esta”. Não é uma notícia de ultima hora. Li-a no jornal notícias de 15 de Janeiro de 2009 mas refere-se a algo de Novembro de 2008. mas o conteúdo da noticia é actual e acredito que será por muito tempo.
Mas é melhor fazer o copy and past da notícia para perceberem de que estou falando. Prestem atenção nas palavras destacadas (por mim):


“China: Proibido “playback” em shows televisivos

O governo da China proibiu o uso de “playback” nas apresentações públicas de cantores. A técnica é muito utilizada no país e consiste em tocar músicas pré-gravadas durante uma apresentação, enquanto os artistas e músicos fingem que estão a tocar os instrumentos e a cantar.A directriz do Partido Comunista foi emitida em meados de Novembro, mas agora, com a chegada das celebrações de fim de ano, as autoridades reforçaram a proibição, em particular na industria do entertenimento.
Nesta quinta-feira, a imprensa local publicou uma reportagem revelando que inspectores do departamento que supervisiona a programação televisiva no país estão aumentando o controle sobre produtores de shows de TV para coibir a prática.
De acordo com as autoridades chinesas os artistas que se apresentam em shows televisivos precisam ser “cantores de verdade” e que as letras das músicas têm que ter um “conteúdo saudável”.
Segundo o governo, “usar canções e músicas pré-gravadas para substituir o cantor ao vivo é “enganar a audiência” e quem for encontrado será “punido”.
Uma nota divulgada pelo ministério da cultura anteriormente alerta que os artistas que forem encontrados a desrespeitar esta ordem terá a sua licença profissional suspensa.

In Jornal Notícias, 15 de Janeiro de 2009


Aposto que estão pensando o mesmo que pensei quando terminei de ler a notícia: “Estamos precisando desse tipo de medidas”
Recomendo vivamente as nossas autoridades (moçambicanas) que estão directamente ligadas a industria do showbiz e entertenimento para seguirem pelo mesmo caminho. Gostamos tanto de imitar o que vem de fora. Temos aqui a oportunidade de imitar algo “saudável” e positivo. E seria um passo bem grande para uma vassourada e selecção no nosso entertenimento porque temos muitos que fingem que estão cantando enganando a audiência. E os nossos fingem não só em televisão mas também nos espectáculos. Estes não são cantores de verdade, alias, nem cantores são. Que tal chamarmos de actores?
Esta mais que na hora de intervir nesta questão.

Estou de olho…

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

ÁGUA: ESSE LÍQUIDO PRECIOSO


De umas semanas para cá, temos assistido um espectáculo desagradavel proporcionado pela água fornecida pelo FIPAG (Fundo de Investimento e Patrocínio de Abastecimento de Água), água esta que tem jorrado nas torneiras da cidade da Beira. Temos sido brindados por uma água que tende para a cor castanha, cheirando e sabendo a algo que prefiro não mencionar. E se deixamos essa água por dois dias num recepiente sem a agitar, será possível ver no fundo do recepiente uma camada de impurezas que nem queiram imaginar.

Hoje (16 de Janeiro de 2009), o jornal Diário de Moçambique publicou uma notícia dando conta do fenómeno. Não farei copy and past da notícia no seu todo mas apenas da primeira parte uma vez que ela é muito repetitiva. Ai vai:


"ÁGUA SAI TURVA DAS TORNEIRAS NA BEIRA
FIpag-Beira e Saúde garantem que o líquido é potável e próprio para o consumo humano

A água fornecida pelo Fundo de Investimento e Patrocínio de Abastecimento de Àgua (FIPAG) sai turva das torneiras na cidade da Beira, facto que tem causado desconfiança, receio de que não seja potável e, por isso, imprópria para o consumo humano.
Este facto está a verificar-se nos últimos dias nesta cidade, mads fontes do FIPAG-Beira e da Saúde em Sofala garantem ao Diário de Moçambique que continua a ser um abastecimento de líquido potável par o consumo humano.
De acordo com José Duarte, director de FIPAG-Beira, empresa responsável pela distribuição do precioso líquido nesta região do país, nas épocas chuvosas é típico a água ter uma cor com um nível de turvação superior, mas ela não deixa de ser potável e própria para o consumo humano.
"Ao longo do processo de tratamento desinfectamos todo o micro-organismo e trabalhamos com a cor, mas a medida que o tempo vai passando vamos fazendo o melhoramento da cor. E a nossa preocupação, já que estamos na época chuvosa, é ver quais são as quantidades de químicos com vista a melhorar cada vez mais a cor da água" - acrescentou.
Duarte reiterou não haver problemas com o consumo da água fornecida pela empresa que dirige porque ela é potável e a coloração turva não produz efeitos nocivos para a saúde das pessoas.
Sublinhou que para além dos testes laboratoriais a que o precioso líquido é submetido através da sua empresa, também o Centro de Higiene Ambiental e Exames Médicos (CHAEM), uma instituição ligada ao Ministério da Saúde, examina a potabilidade da água e emite aval para que seja consumida.
Também o CRA, organismo regulador do abastecimento de água, entra na monitoria da qualidade do líquido precioso..."


Quando eu era mais novinho (atenção que não estou dizendo que já estou "kota") aprendi no ensino secundário na disciplina de Química que a água quando quimicamente pura deve ser incolor(sem cor), inodora (sem odor) e insipida (sem sabor).
É claro que a água que consumimos no dia -a-dia (a água doméstica) não é a quimicamente pura, mas acredito que sempre procuramos consumir água sem sabor e muito menos sem odor e cor. E não é porque a água é desinfectada que devemos menosprezar detalhes tão importantes como os da cor, cheiro e sabor.

Estou imaginando um cenário em que um de vocês (leitores), ou melhor, um dos administradores, directores, ou gestores do FIPAG venha a minha casa fazer uma visita num dia de muito calor (como este que temos sentido cá na Beira nos últimos dias) e pede uma água para refrescar a garganta. Eu sirvo uma água meio esverdeada ou acastanhada, com sabor e cheiro daquilo que preferi não não comentar acima. Por mais que "haja certeza na água" (onde já ouvi uma frase igual?) e eu vos tranquilize garantindo que a água é tratada e desinfectada, duvido que beberão a água com o prazer que esperavam, e isso se beberem tal água.

Podia até aceitar pacificamente o cenário que estamos vivendo na Beira nestes dias, se estivessemos em situação de água não canalizada mas tirada por nós directamente do poço, lagoa ou rio. Não que água nessas condições seja agradável, mas seria compreensível dado o processo de captação e tratamento. E acredito que grande parte da população moçambicana e não só, consome diariamente água obtida nessas condições.
Mas no nosso caso, estamos perante um processo de água canalizada que passa (atendendo a situação actual não sei se passa mesmo) por especialistas! E grave torna-se quando já é sabido de antemão pelos que cuidam da nossa água, que todos anos quando chove o cenário é o mesmo.
Alguma coisa já devia ser feita para que todos anos não seja a mesma coisa.
Sera que nas instalações de tratamento de água pelo mundo fora acontece o mesmo sempre que chove? Ou vamos entrar com a mesma desculpa: "não há dinheiro para fazer mais que isso".
Espanto me ainda quando dizem que " a cor é uma coisa e a potabilidade é outra." Ca por mim, água potável é aquela que esta em condições de ser consumida. E o facto de consumirmos a água que nos é disponibilizada não significa necessariamente que ela seja potável. Pode significar que não temos escolha

Querem saber mais? Se sempre que chover estarmos sujeitos ou melhor, condicionados a essa água, vou pensar seriamente em amarrar uma cauda de hipopotamo para amarrar a chuva e não ter mais água turva.


Estou de olho....

VOLTEI


Novo ano, novos acontecimentos, novos momentos, enfim, nova vida.
Cá estou de novo para mais uma tentativa de voltar a blogosfera e dar o meu contributo. Espero que desta vez a volta seja mesmo para valer.
Desde que baixei a guarda da vigilância e fechei olhos (nem me lembro mais quando foi isso) aconteceu muita coisa digna de análise, comentário e debate. Foi tanta coisa que se tivesse de as enumerar levaria uma eternidade. E os navegadores da blogosfera com muita competência souberam dar conta do recado, isto é, não deixaram as coisas passarem despercebida: debateram, discutiram, analisaram etc. Foram verdadeiros vigilantes. Palmas para todos.
Voltei. Mãos a obra e olhos esbugalhados..........