quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Porquê artesãos?

O jornal diário de Moçambique que saiu à rua na quarta-feira, dia 29 de Agosto de 2007 apresenta nas páginas centrais uma notícia em jeito de reportagem que não estou conseguindo encaixar no meu conceito de racionalidade e bom senso.
Porque a reportagem é extensa apenas irei reproduzir a primeira parte, que é a que interessa de momento:
Artesãos serão envolvidos na reabilitação e manutenção de fontes de água no país (anuncia o ministro das Obras Públicas e Habitação, Felício Zacarias)
Operadores artesanais passarão, a partir do próximo ano, a envolver-se na reabilitação e manutenção de fontes de abastecimento de água nas zonas rurais do país. O facto recentemente anunciado pelo ministro das Obras Públicas e Habitação, Felício Zacarias, no decurso do 15º Conselho Coordenador do organismo que dirige, realizado na região de Cafumpe, no distrito de Gondola, província de Manica.
A medida da participação de artesãos na manutenção de poços e furos de água foi tomada no âmbito da descentralização de fundos, os quais passarão a ser geridos pelas direcções provinciais deste sector, mediante os programas de actividades a serem aprovados pelos conselhos consultivos distritais.
Para o sucesso daquela decisão será reforçada a capacidade de gestão financeira das direcções provinciais das Obras Públicas e Habitação, por forma a permitir uma correcta aplicação do dinheiro disponível.
“Tendo em conta que o alcança de maiores níveis de cobertura no abastecimento de água às populações vivendo nas zonas rurais depende de um esforço, quer dos utentes de poços e furos, quer do governo, decidimos que os programas de manutenção e reabilitação passam a ser implementados ao nível distrital com a participação activa de entidades privadas locais, incluindo artesãos devidamente organizados” ─ Disse Felício Zacarias.
“Na prática isto quer dizer que a partir do próximo ano de 2008, os distritos passarão a dispor de um fundo de execução distrital especificamente destinado à água e saneamento rural, com a excepção dos fundos destinados a grandes projectos, com financiamento externo” explicou.
O ministro das Obras Públicas e Habitação salientou que a descentralização de fundos para os distritos constitui uma grande aposta do sector, com vista a permitir que os artesãos melhorem suas condições de vida, o que acabará influenciando positivamente o desenvolvimento das comunidades em geral.
“Devo dizer que o abastecimento de água e o saneamento têm continuado a merecer a nossa grande atenção, em prol da melhoria das condições de vida da nossa população” ─ frisou.
Por seu turno o director nacional de Águas, Julião Alferes disse que foi decidido que 25% dos fundos disponibilizados através do Orçamento Geral de Estado e das organizações não-governamentais destinar-se-ão aos distritos, para garantir a manutenção das fontes de abastecimento do precioso líquido.
“Esta medida é para permitir o desenvolvimento dos artesãos” ─ afirmou Alferes, sem, no entanto, mencionar os montantes a serem canalizados para os distritos, argumentando que o que acontece é que não existe uma verba estática, pois há dinheiro que entra através de organizações não-governamentais, que por exemplo, anunciam valores monetários diferentes, consoante sua disponibilidade.


Fico por aqui na apresentação da reportagem. As noticias restantes são sobre sistemas e barragens e ainda água para as zonas urbanas.

Terminei a leitura da reportagem e desde então uma pergunta ficou martelando os meus miolos: porquê artesãos? Esta pergunta resulta de uma informação pouco clara na reportagem.
Talvez porque eu perceba muito pouco de construção, reabilitação e manutenção de fontes de água, não consegui perceber porquê foram estes (artesãos) os escolhidos se envolverem em tais actividades. Seria ainda importante que fosse esclarecido qual o seu grau de envolvimento e participação. Estarão envolvidos na gestão? Directamente(mão na massa) na reabilitação e manutenção? O envolvimento será mediante formação ou capacitação para a actividade que pretendem usa-los? Ou irão usar apenas suas técnicas? Parecem perguntas sem sentido? E se eu questionar se estarão envolvidos na qualidade de artesãos ou de cidadãos pertencentes a comunidade? A reportagem parece aborda-los na qualidade de artesãos. E se assim for, Qual a mais valia de serem artesãos envolvidos e não pescadores ou professores? E mais. Diz-se ainda na reportagem que o envolvimento desses artesãos ira permitir o seu desenvolvimento. Como? E se eu questionar o que quer dizer desenvolvimento dos artesãos, ai não saiamos mais daqui.
Penso que para determinadas actividades, é importante que quem as realize tenha o famoso saber-fazer e que este pode ser adquirido de variadas maneiras. Enquanto escrevo estas linhas lembrei-me daquele ditado popular que diz “cada macaco no seu galho”E eu pergunto, em Moçambique quantos casos identificamos em que temos indivíduos sem conhecimentos nenhum sobre determinada matéria mas respondendo pela mesma? O resultado é o que se vê...

Estou de olho.....

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