quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Um (ex) procurador incompreendido

“Em qualquer parte nenhum procurador é compreendido… um procurador passa muito mal… trabalhamos muito e apenas o povo sabe reconhecer esse trabalho, o resto…”

Foi esta mensagem que o (ex) procurador da república Joaquim Madeira deixou nas câmaras da televisão na hora do adeus.

Dignissimo (ex) procurador da Repúlica, de momento não tenho nenhuma razão para concordar com seu discurso. Digo de momento, porque se conseguir clarificar alguns pontos do que disse talvez mude de ideias. Posso não ter percebido a mensagem que tentou passar. E ficaria satisfeito se clarificasse alguns pontos nas palavras por si proferidas.
Como define muito trabalho ou melhor, quais os indicadores usou para considerar que trabalhou muito? Quando assumiu o cargo, o que traçou como meta? E na saida atingiu-as? Como chegou a conclusão que o “povo” reconhece seu trabalho?
E o povo? A quem se refere? Povo são os que estão a seu favor? Povo não é o conjunto de todos moçambicanos independentemente de concordar ou discordar com algo. Não se é mais ou menos povo por discordar com um governo ou com determinada forma de exercício de uma actividade. Leva-me assim a pensar que partilha aquela ideia daqueles que não conseguem ver a sociedade de uma forma que não seja binária: “ou esta connosco ou é contra nós”. Ou reconhece que trabalha ou não é povo. E esse resto? É constituido pelo não povo? Quem faz parte desse grupo?
O que significa para si passar muito mal? Ser alvo de muitas criticas durante o seu mandato, levam-no a passar mal? Discordar em muitos casos com a sua forma de gerir determinados casos, levam-no a passar mal? Exigir explicações e clareza para determinados processos, levam-no a passar mal? E como é mesmo isso de passar mal?
Ajude-me a perceber essas inquietações, quem sabe não farei parte do povo, aquele que o percebe.

Estarei aguardando de olhos bem abertos

1 comentário:

Patricio Langa disse...

Elton.
Fazes perguntas, interessantes!
É preciso desconfiar das verdades simples, como diz o decano Carlos Serra.
Tu fazes isso, desconfia-te!
Força.