domingo, 26 de agosto de 2007

“Que adianta termos no pulso um relógio da marca Rolex se chegamos sempre tarde!”

Esta frase não é invenção minha, e é para aqui chamada a propósito do cenário que se vive na capital do país. Policias e militares nas ruas, armados e espalhando postos de controlo pelas artérias da cidade onde vão revistando tudo e todos. Interpreto esta acção em duplo sentido: 1. a policia pretende mostrar aos munícipes que não esta de braços cruzados no que diz respeito ao combate a criminalidade; 2. Intimidar os próprios criminosos.
Mas cá por mim, mesmo que o exército se instale nas ruas na sua máxima força, mesmo que construam barricadas e trincheiras, mesmo que passem a usar canhões, bazookas granadas e sei lá mais que material bélico pesado, o problema que estão tentando resolver continuará por resolver. E o que prevejo para os próximos tempos é a policia aparecer com discurso que se reforçou com a compra de uns tantos veiculos automóveis, aumentando seu efectivo humano, fazendo novas nomeações, criando novas brigadas de combate ao crime (designação pomposa esta, hem!). E no final das contas tudo continuará na mesma, apesar de provavelmente aparecerem com aquelas estatísticas que conhecemos: “o número de crimes violentos baixou de Z para T, os assaltos com recurso a armas de fogo reduziu X% em relacção ao mesmo período do ano passado, etc,etc, etc.
Não vou aqui inventar a roda porque alguém se antecipou a mim e provavelmente já colheu os louros por isso. Não deve ser segredo nem novidade que o que a policia mais precisa é de mais qualidade e menos quantidade. A aposta deve ser na formação dos recursos humanos que dispõe. Não é preciso ser génios para perceber que desde que o Homem passou a viver em sociedade os comportamentos desviantes sempre existiram e provavelmente sempre existirão. O que vai variando é a o que vai sendo definido como comportamento desviante e a sua natureza. Quer isto dizer que as sociedades não são estáticas e a medida que se transformam a natureza do fenómeno crime (que é um comportamento desviante) também se transforma. É nisso que a nossa policia tinha que pensar mais. Enquanto a natureza do crime muda e o modus operandis dos criminosos vai se sofisticando, a policia continua na letargia e estática. Os anos passam e as mudanças que vemos são apenas substituição de pessoas. E o modus operandis? A policia deve também saber fazer um upgrade do seu modus operandis no combate ao crime.
Passaram anos e continuo vendo pelas ruas policias aos pares exigindo B.I. aos cidadãos. Até hoje não compreendi ate que ponto estas acções contribuem para o combate ao crime.
E a ACIPOL? Deveria ter um papel de destaque e mais interventivo funcionando como laboratório ou oficina onde se pesquisam e investigam formas eficazes e eficientes (qualidade) de lidar com o fenómeno crime e as suas variadas roupagens.
Num tabuleiro de xadrez, apesar de o nosso adversário ter peças feitas em ouro e ter a vantagem de estar em superioridade numerica, não lhe conferimos automaticamente a vitória. O triunfo é obtido pela estratégia que usamos.

Estou de olho...

Sem comentários: