quinta-feira, 11 de outubro de 2007

A chama da unidade


Não sei por que carga d’água acordei pensando na “famosa chama da unidade nacional”, e decidi fazer algumas cobranças.
Passam cerca de dois anos e quatro meses desde que o presidente da república Armando Guebuza deu início à marcha contra a pobreza. Esta marcha consistiu em acender uma tocha que ficou conhecida de chama da unidade nacional e que percorreu as dez províncias de Moçambique, tendo a marcha iniciado em Nagande (Província de Cabo Delgado) e terminado no Maputo (cidade) na semana de comemoração de mais um aniversário da Independência nacional.
A iniciativa da marcha teve como lema “do Rovuma ao Maputo, juntos na luta contra a pobreza", e de acordo com os altos dirigentes do governo pretendia-se com a marcha promover valores de cidadania, reafirmar a identidade nacional e o "orgulho na moçambicanidade". Pretendia-se ainda contribuir para a educação das novas gerações em valores patrióticos e insistir na importância do envolvimento de toda a população na luta contra a pobreza. E mais, o presidente da república havia afirmado que "a marcha constitui igualmente uma oportunidade para nos galvanizar para uma implementação mais célere da nossa agenda nacional e para a remoção dos obstáculos ao nosso desenvolvimento nomeadamente, o espírito de deixa-andar, o burocratismo, a corrupção e o crime"

Eu pergunto: quais os custos financeiros estiveram envolvidos na realização do evento? Foi dinheiro tirando donde? De certeza que fiquei e muitos ficaram sem uns tantos porcentos do salário (em impostos) para ajudar a custear o evento.
Passados que estão mais de dois anos, alguém perguntou se foram alcançados os objectivos que haviam sido preconizados? Em que medida a chama da unidade contribuiu para o combate a pobreza absoluta?
E os moçambicanos? Tornaram-se ou estão se tornando cada vez mais orgulhosos da sua moçambicanidade? As novas gerações estão mais patrióticas?
A marcha contribuiu para o combate a corrupção? Para o combate ao crime?

Uma coisa é certa, pelo aparato que foi sendo criado por onde a chama passou na sua caminada, contribui e muito para diminuir muitos zeros dos cofres do Estado. Zeros estes que poderiam ser usados de uma outra maneira. Que poderiam ter uma melhor aplicação.
Mas como ninguem cobra nada, ninguém diz nada, o mais provável é o Estado continuar esvaziando os cofres com iniciativas que nenhum benefício concreto trazem.

Temos que estar de olho...

3 comentários:

chapa100 disse...

de olho. nao deixa piscar.

ilídio macia disse...

Caro Elton, bateste na tecla certa. Força!

Elton B disse...

De olho temos que estar todos. Uma vigilância constante. Alguém tem que perceber que o Estado nã é um clube de amigos mas que é de todos moçambicanos