quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Ivo Garrido volta a carga

O ministro da saúde Ivo Garrido fez terça-feira visitas nocturnas a três unidades hospitalares. Foi mais uma daquelas incursões que os jornalistas apelidam de “visitas relâmpagos”, por serem supostamente visitas surpresas. Cá por mim, pela encenação que é feita em torno das visitas, de surpresa elas não tem nada. Mas isso é um outro assunto que talvez me lembre de discuti-lo. Quem sabe no relâmpago da próxima tempestade, quero dizer, quem sabe na próxima visita. Mas não é isso que me fez escrever.
No final da visita, o ministro disse estar satisfeito com o que viu. Principalmente por não ter encontrado longas filas de pacientes esperando por atendimento, cenário diferente de à cerca de 1 ano, em que nos hospitais via-se um cenário de filas com mais de 200 pacientes. Para Ivo Garrido, estas mudanças estão relacionadas com a melhoria da qualidade do atendimento nos hospitais.

São conclusões tiradas desta forma que as ciências sociais devem rejeitar.
Quais as bases do ministro para afirmar que a qualidade do serviço melhorou? A simples ausência de filas não pode constituir única variável explicativa para a diminuição das nos hospitais. Outras razões ou hipóteses podem ser levantadas. Que tal se pensarmos que as filas diminuíram porque as pessoas deixaram de acreditar nos serviços de saúde prestados nos hospitais durante a noite? Mais. E que passaram recorrer aos serviços dos médicos tradicionais e daqueles que anunciam nos jornais que curam tudo? E se o tão propalado combate a pobreza absoluta estiver surtindo efeitos? Talvez o resultado não seria melhoria até no estado de saúde das pessoas dai menos pessoas nas filas dos hospitais? Tem mais. Que tal se pensarmos que devido à crescente onda de criminalidade, as pessoas tem medo de andar à noite, dai ir menos vezes ao hospital nesse período do dia! Alguém tem mais hipóteses para ajudar o ministro a reflectir melhor sobre o fenómeno?
Cuidado com as aparências. Duvidai e investigai senhor ministro. Duvidai e investigai.

Estou de olho...

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